quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Convivência com Dorival ficou insuportável, afirma santista


Horas depois de anunciar a saída do treinador Dorival Júnior, a diretoria do Santos convocou uma entrevista na Vila Belmiro para dar mais detalhes do caso e negar que o técnico tenha sido demitido após polêmica com o atacante Neymar. Nesta quarta-feira, o diretor de futebol do clube, Pedro Luiz Nunes Conceição, disse que a decisão pela quebra de contrato foi um acordo entre as partes e justificou a quebra do vínculo pela relação nos últimos dias: "a convivência ficou insuportável".
No mesmo dia em que a equipe encara o Corinthians no clássico da Vila Belmiro, com a volta de Neymar, o clube da Baixada Santista responsabilizou apenas o treinador pela troca de comando, devido ao seu comportamento nos últimos dias após o caso de indisciplina do jogador no duelo da última quarta-feira, contra o Atlético-GO. Na ocasião, o camisa 11 ficou revoltado por ser barrado na cobrança de um pênalti e desrespeitou companheiros e Dorival com xingamentos.
"Cerca de 24 horas após a primeira punição dos acontecimentos da semana passada (afastamento do jogador do duelo contra o Guarani no domingo e multa financeira), nós passamos a não mais enxergar um Dorival Júnior de diálogo e participativo das decisões. Foi uma mudança de comportamento que nos deixou atônitos", disse o dirigente, sem poupar críticas ao ex-funcionário do clube. "Dorival Júnior se tornou outra pessoa desde a quinta-feira da semana passada".
Na entrevista, Conceição disse que se mostrou surpreso com a mudança no rumo das negociações, já que teria acordado com o treinador promover a volta de Neymar contra o Corinthians. No entanto, o treinador decidiu por manter o veto ao atacante, antes de se desligar do clube.
"Em função das providências que foram adotadas em conjunto com a comissão técnica, pensávamos que o assunto estivesse encerrado e 24 horas depois tivemos uma posição diferente. Houve uma quebra de hierarquia", completou o diretor. "Não é só o elenco que gostava dele. Nós também. Não entendemos repentinamente, 24 horas depois, e passamos a não enxergar mais diálogo, participação. Jogador afastado não treina com o grupo! Ele treinou segunda, terça, estava com quem ia se concentrar". O diretor reforçou que Dorival não comunicou à cúpula que Neymar estava fora do duelo com o Corinthians.
Na opinião do diretor de futebol e da cúpula santista, a manutenção do veto a Neymar foi "algo sem sentido", fato que motivou a saída de Dorival da Vila Belmiro. "O técnico foi consultado (sobre a ida do atacante até Campinas), achou a ideia excelente e o ambiente estava muito bom em Campinas. Portanto, nao fazia nenhum sentido esperar uma outra decisão do técnico, daquilo que o bom senso sinalizava e que foi acordado com a diretoria do clube. O técnico tinha a responsabilidade e a obrigação de colocar a sua ideia e não fez".
Em várias de suas respostas, Pedro Luiz Nunes Conceição fez questão de deixar claro que a direção do clube se colocou acima das posições do treinador. "Temos pontos de vista firmados. Não precisamos perguntar ao técnico se ele concorda ou não. Comunicamos (na quinta-feira passada) qual seria a punição e ele tinha a responsabilidade e a obrigação, com a experiência que tem, de colocar para a diretoria. Isso não aconteceu e essa posição só ocorreu 24 horas depois, o que já nos deixou por demais insatisfeitos", observou.
Enigmático em alguns momentos, Pedro fez uma metáfora à mudança de comportamento de Dorival, deixando claro que o assunto Neymar, na visão da diretoria, não devia ser tratado pelo treinador. "Não estava combinado que ele (o técnico) ia bater esse pênalti. E ele quis bater".

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