Na mudança de Minas para São Paulo, Pelé veio acompanhado, além do pai, da mãe, Celeste, da avó Ambrosina, do tio Jorge Arantes, da irmã, Maria Lúcia, então com oito meses, e do irmão, Jair, na época com dois anos. A família ficou instalada no hotel da Estação, que ficava no centro da cidade de Bauru, até mudar-se em definitivo para a rua Rubens Arruda, nº 3.
Desde meninote, Dico gostava de jogar bola e foi o com o companheiro inseparável, o tio Jorge, que o levava para assistir aos jogos do pai quando ele ainda jogava no Vasco da Gama de São Lourenço, em Minas Gerais. O grande nome do time era um goleiro apelidado de Bilé, o qual chamou muito a atenção do garoto Edson, que gostava de brincar no gol e costumava gritar após alguma defesa: “Boa, Bilé!”.
Só que como a dicção do garoto ainda estava em formação, o Bilé passou a ser pronunciado como Pelé. A princípio, o menino se irritava com o apelido de Pelé, mas depois foi se acostumado e o Bilé virou a marca mundial do Rei.
Seguindo os passos do pai, começou a jogar aos 11 anos. O primeiro time foi o 7 de Setembro. Depois, já em Bauru, atuou no América, no Bauru Atlético Clube (Baquinho), no Noroeste e ainda jogou futebol de salão no Radium.
No interior paulista, seu talento despertou as atenções do ex-jogador da Portuguesa Santista Waldemar de Brito, que foi seu treinador no Bauru. A partir daí, começou uma relação que culminou com a vinda do Rei para a Vila.
“Após encerrar a carreira, Waldemar de Brito virou funcionário público, trabalhando em Bauru. Como queria se mudar para a Capital Paulista, pediu ao então deputado estadual e presidente do Santos FC, Athiê Jorge Coury, o seguinte favor: se ele conseguisse sua transferência, ele traria o então menino Pelé para a Vila. Athiê falou diretamente com o governador do Estado, que na época era Jânio Quadros, que autorizou diretamente a vinda de Waldemar de Brito para São Paulo e, indiretamente, de Pelé ao Peixe”, explica o historiador do Clube, Guilherme Guarche.
Pelé chegou à Vila Belmiro em oito de agosto de 1956, então com 15 anos. Sua estreia na equipe principal aconteceu um mês depois, contra o Corinthians de Santo André. O Rei entrou no segundo tempo do jogo no lugar de Del Vecchio e marcou o sexto gol da goleada de 7 a 1.
A partir daí, nos 18 anos que se seguiram, acumulou títulos, gols e marcas que perduram até hoje, com 1.091 gols em 1.116 jogos.